________________Destroços.
Reúno-me, após a precipitação das labaredas
Quando já é longe a fagulha que me aqueceu
Entre versos carbonizados, do que sobrou, do que era teu.
As vogais expostas, quedam-se em pedaços
Antes, mosaico amoroso que acarinhava o tempo
Agora, palavras rebuscadas, chamuscadas do teu pensamento.
Vão de oscilações, a alma levita sobre os restos...
Contaria eu de mim? Exponho minhas lacunas extremadas
Daquilo que não sei ser... desejos de ser em doces madrugadas...
Cresce o papiro, nas águas do rio que enche minhas lágrimas
Sacrossantas promessas destroçadas, não cumpridas
Penitência diária de um perdão não adquirido...
Reúno em mim a singeleza ainda possível
Emolduro o restolho das parábolas, componho horizontes
Rascunho ideogramas azulados em sonhadas pontes...
No intuito de proteger-me os pedaços
Na imobilidade de ver-me pessoa inteira, a alma fugidia
Goteja, escancarada em direção do teu penhasco.
Deixa-me recompor...por favor.
Karinna*