PRESENTE-SURPRESA
Quando chegas, à tardinha,
trazes-me a noite de presente-surpesa...
Desato-lhe os laços, numa excitação quase infantil, gaiata, de riso a cintilar lampejos...
...enquanto me enlaço nos teus abraços que fingem ajudar-me,
(só fingem, na verdade mais me confundem nos laços com que embrulhaste a noite...)
dançamos os dois, um baile de brincadeira, improvisado, emotivo, espontaneamente sensual...
E a noite surge-nos, mágica, às vezes com rosto de lua,
às vezes com restos de estrelas, às vezes com riscos de névoa... mas sempre sedutora, envolta em intenso veludo azul.
Nossa, mesmo quando densa,
mesmo quando vestida de sombrio amuo, a noite que me trazes, meu amor, é um presente que por prazer recebo, e um desafio que por gosto aceito.
Sei que, ao toque quente dos nossos corpos, seja qual for a noite que me tragas, ela se refaz em estrelas e banhos de luar e lençóis macios...
E, em troca, dou-te sempre uma manhã radiosa, no meu beijo de te acordar...