PAREI HOJE PARA SONHAR

Parei hoje pela manhã, meio sonolento e preguiçoso. Parei para ver o sol escapar do horizonte, subindo alto alcançando o meio dia. Olhei, espantado, a correria dos homens, a aflição no olhar da maioria. Pensei como escapar da multidão, ser a exceção em meio aos perdidos. Busquei na lembrança os jardins limítrofes da minha casa. O parque conservado da esquina. Olhei na memória toda essa saudade, porque na realidade, hoje os jardins não perfumam o ambiente, não alegram o brincar dessa gente, não alimentam o amor nas crianças. O “hoje” não há mais lugar para infâncias. Parei hoje para escrever alguns versos, busquei enxergar um motivo, alguma rima que precipitasse esperança. Novamente busquei na criança. Lembrei que a verdade não é maldade, mesmo no gesto ofensivo, porque guardado na mais pura curiosidade. Busquei imaginar a eternidade. Esse tempo sem fim que daria mais tempo, para quem sabe um dia, imaginar como seria a vida que hoje me leva a escrever esse clamor.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 11/05/2006
Reeditado em 11/05/2006
Código do texto: T154316