MAR

Mais forte que a ventania, o barco da solidão navega na contramão, as ondas erguem-se à alturas tremendas e medonhas, a proa desliza neste mar de amarguras, adivinhando as mágoas que a praia em frente, lançara aos olhos. Nem sempre o que se tem é o melhor, o vício, a jogatina, a prostituição, o amor fácil, oferecem-se àqueles homens sedentos e rudes, que a nave se aproxima , carrega no bojo.

Estão dispostos a tudo, querem o que julgam ser de seu direito, mulheres morenas, rostos magros e sofridos, feto desnutrido no vente judiado, espreitam o mar em frente, esperançosas e aflitas. Seus homens chegam da lida. O mar , ás vezes, incompreensivo, escolhe alguns para dormirem eternamente no fundo de sua morada.

Oh! Deus! Que vida sofrida. A lamúria e o choro dos órfãos, das viúvas nos lamentos noturnos.

__ Mar! Dê-nos sustento e alimentos. Mas não nos roube vidas, que nos são mui caras.

JOAO DE DEUS VIEIRA ALVES
Enviado por JOAO DE DEUS VIEIRA ALVES em 11/05/2006
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