LÁGRIMAS BORDÔS
Ao encher meu cálice de vinho não consegui controlar o fluxo e com isso o mesmo transbordou, derramando por terra o líquido bordô.
No mesmo instante um paralelo entre a cena e meu atual momento se fez em minha mente.
Tenho me sentido como um cálice que ora transborda alegria, ora amizade e um infinito de emoções e sentimentos. Mas hoje, nesse momento vivido, o que transborda em mim, são lágrimas tais qual o vinho. Lágrimas bordos, profusas e incessantes. Lágrimas essas, que nascem do coração e derramam-se por todo o meu ser, num fluir contínuo de dor e saudade.
Até quando este ciclo durará? Não sei precisar. Ou será que não o quero por ser talvez a única forma de mantê-lo vivo em mim? Não me interessa saber da resposta. Não agora. Sorverei as lágrimas bordôs como a um vinho, até que as mesmas deixem de jorrar e eu, como a um cálice, deixe de transbordar tristeza e retorne à alegria como um barco a um porto seguro após a tempestade.