MANHÃ
MANHÃ
Uma manhã qualquer dessas que amanhecem indefinidas, sem uma razão que a justifique, mas, amanhece. O sol esquenta, um convite para passear. A estrada se apresenta como caminho para descobertas, novas plagas, nova vida.
Para trás ficou a tristeza que turvou meu riso pronto e sufocado.
Para trás, a saudade que me deixou aérea, incolor.
Para trás se fechava um ciclo de fantasias.
Vivencio então, o presente de maneira intensa, forte, completa. Entrego-me ao caminhar, às descobertas. Escuto o silencio que não se macula com o tocar ritimado da hélice do cata-vento que gira, gira,
pra ir onde, não sei.
Descubro guajirús avermelhados, araçás dourados, gitiranas azuis e açucenas alvas, alvas, todos numa convivência perfeita, numa sintonia orquestral. Minúsculas flores, como lilazes, se mesclam com botões prateados, num bordado de tons invejados por pintores e arco-iris. Flores de maracujá que jamais darão maracujá, apenas porque nasceram machos, serpenteiam num sobe e desce dos arbustos.
Aos cheiros, se funde o som do mar que arrebenta nos barrancos vermelhos numa sinfonia interminável. Sua espuma branca lambe a areia fina, macia,maleável. Das barreiras desce uma infinidade de trepadeiras, sempre trepando umas nas outras num enrroscar de dar inveja aos amantes.
E, o vento forte, cantador, se encarrega de misturar flores, cheiros, cabelos e poeta. Tudo encanta e me encanto, numa manhã em Carapibús.