Não há tempo...
Não hás-de entender jamais do poeta o coração,
Inda que se aplique as desventuras tantas do viver,
Não faz juz a vida, a causa, o dito do poema a criação,
A poesia nasce de si e nos dedos logo se rebentam.
(Mas dedos são somente trechos, donde percorre a poesia,
Para no rio do viver desaguar, inda que de um ser insosso.)
Não tente entender a poesia de dor, tão intensa,
Tão pouco se iluda com os versos de amor(inda que tantos)
A letra por si mata, vive, ré-cria, ama, inventa...
Não queira entender, apenas lamente os teus desencantos.
Não queira, te peço encarecidamente, não queira amigo.
Guarda teu sapato lustrado, teus dominós de marfim e vá.
Não há tempo. Tão pouco pedra do entender terás contigo.
Ama, isso somente poderás. Sê contente amigo em amar.