O BÊBADO E O DIA LINDO
"Quero antes o lirismo dos loucos,
O lirismo dos bêbados,
O lirismo difícil e pungente dos bêbados..."
Manuel Bandeira
Entre garrafas e garrafas
De cerveja
O bêbado repetia:
- Que dia lindo!
As pessoas achavam graça,
Riam e caçoavam do lirismo
Entorpecido dele.
Na esquina, o jornal
Noticiava:
Mentira, escândalo, corrupção
A Justiça soltou, mais uma vez,
Mais um ladrão...
Triste ironia:
O povo ébrio,não de álcool,
Mas de impunidade e ilusões,
Fita o céu, estufa o peito
E grita aos quatro ventos:
- Que dia lindo!