Marcas

Marcas podem ser interpretadas das mais diversas maneiras: marcas de produtos, marcas de nascença (sinais), marcas da idade (rugas e cabelos grisalhos) , marcas deixadas por objetos e também marcas da vida (cicatrizes).
São dessas últimas marcas que quero falar.
São elas as mais doloridas, mais "marcantes". Elas podem tanto servir para reacender a vontade de viver, de continuar, como também podem servir para nos levar ao abismo, a queda sem saber quando e onde é o fim.
Cada um escolhe como viver e conviver com as marcas. Uns irão enfrentá-las, aceitá-las e procurar sará-las para que não doam mais. Serão apenas lembradas quando um dia, tomando banho, as mãos deslizarem por elas. Aí será dito "nossa vocês ainda existem, até tinha esquecido de vocês"...
E quando percebidas, notadas, um sorriso virá aos lábios e com certeza poderá ser dito que elas serviram para fazer crescer, amadurecer, reviver.
Outros farão das marcas suas estradas, seus caminhos, suas vidas, suas recordações. Esses não conseguirão sobreviver.Se afundarão num mar de dores, tristezas, angústias, culpas. Viverão sempre do por que: por que não deu, por que aconteceu, por que, por que, por que...
É... cada um pode escolher...
Mas é sempre bom lembrar que colecionar marcas, cultivar a dor, acaba não permitindo a chegada do bálsamo, do alívio, da cura, da cicatrização.
Cultivar marcas traz consigo a solidão, o afastamento do convívio com outros que também trazem em seus corpos cicatrizes, marcas, mas que um dia acordaram e resolveram se dar o direito de ser felizes, de guardar apenas nas caixinhas do coração, da alma, as suas marcas como herança da maturidade, da vivência.
Escolham qual a maneira que ver suas marcas. Espero que tenham a sorte e a sensibilidade de escolher a vida, o amor, a felicidade...
Bernardete Maciel
Enviado por Bernardete Maciel em 09/04/2009
Reeditado em 30/10/2009
Código do texto: T1531442
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