Sem sentido
Quando me deito para trás na minha cama sonho que o raiar da manhã conduz em si todos as pessoas que viajam e com elas toda a História do universo. Repetida por intermédio de mim. Nesta chuva tão humana de me encontrar somente no meio de pequenos papéis sem sentido. De Ulisses a Holgersson toda a realidade se dobra em espiral para uma base solta na exclusiva e verdadeira estrada. Aquela que é finalmente desprovida de pessoas. Bem sei que tudo isto é sonho e que por isso de maneira inevitável me será determinante. A poesia. O silêncio. Neste calor intenso. Nesta cidade tão alta que até os guindastes tortura. No destino do Ser tudo isto está inscrito e escreve-se através do tempo que se desenvolve na transpiração da vida e em cada imagem no breve intervalo dos seres que vão chegando para a ternura da minha morte. Perdida no pavor.