Sobre a Fragilidade
do Lat. fragilitate
s. f.,
qualidade do que é frágil;
fraqueza;
disposição para facilmente se quebrar;
debilidade;
instabilidade.
Eis a palavra.
Ontem, quando lia um texto encontrei nele a palavra 'fragilidade', e desde então não consegui mais continuá-lo, pois meus olhos estavam empacados na bendita palavra. Necessitava de uma reflexão a respeito, pois as coisas estavam acontecendo rapidamente na minha vida, e eu... Bem, eu apenas amontoei tudo num canto de parede, digamos assim. Mas agora, chegara o ponto crucial: refletir!
Nunca tinha pensando neste tema assim, até o dia que tive a desagradável experiência de ser vítima de um assalto, a uns dias atrás. Sempre que as pessoas me contavam coisas semelhantes, eu pensava: - o que será que se passa na cabeça de alguém nessas horas? Nunca tive noção do que se passava, mesmo. Meus olhos estavam imóveis na arma que o homem carregava, e por mais que a duração do acontecido fosse mínima, ela foi suficiente para que dentro de mim se unissem ao mesmo tempo a realidade dos fatos, a adrenalina, o medo e o desejo de que aquilo não tivesse acontecendo. Aquela rapidez toda foi tempo suficiente para que eu imaginasse o meu corpo, ali, estirado no chão umas 20 vezes.
Ao ler a palavra “fragilidade”, imediatamente, veio um flash deste acontecido na minha mente. Um eco se fez nos meus ouvidos repetindo inumeras vezes a palavra f-r-á-g-i-l. "Meu Deus, como a vida é delicada", pensei. De uma hora para outra o seu mundo pode mudar de tal forma que essas mudanças todas não vão te dar o luxo de esperarem você estar preparado para encará-las simplesmente. E dá até vontade de falar: "para o mundo que eu quero descer"! Mas infelizmente ele não para, tampouco ouve esses clamores. As pessoas continuam bradando o tempo inteiro que devemos viver intensamente, amar a todos como se não houvesse o amanhã e todas aquelas frases feitas, que eu sinceramente nunca dei muito valor, e de que repente elas passaram a mexer comigo de forma inesperada. Será que realmente é assim que funciona?
De fato...nunca tinha percebido como levava a vida.
Ai, como perdemos tempo precioso deixando de fazer coisas que engrandeçam, em troca de tão pouco. Alimentando raivas idiotas, enchendo a cabeça de paranoias que não fazem o menor sentido (por mais que faça algum sentido, não vale a pena). Me vi tão mesquinha por muitas vezes, quando me preocupei único e exclusivamente em tentar saber fofocas e futilidades, sem me dar conta que de brinde ganhei muitas horas a menos de vida de verdade. E são realmente muitas horas a menos. De amor, de carinho, de ternura e de tentar ao menos enxergar que, por mais que os jornais digam que lá fora está um caos, ainda existe um mar imenso e azul, amigos de verdade, pôr-do-sol, e outras coisas felizes. Não dá mais para perder tempo chorando coisas irreversíveis ou mágoas passadas; Não dá mais para ficar esperando tudo acontecer; sonhando de braços cruzados enquanto andamos de ônibus; esperando ‘pequenas epifanias’, ou alguém decidir algo por você, porque isso não vai acontecer se você não se mexer; Não dá mais para esperar por alguém que certamente não vem, enquanto ao redor existe um horizonte muito mais bonito. Existem coisas (quase tudo o que é importante) que acontecem sem o nosso consentimento e a gente precisa está preparando para encarar tudo com a mais divina alegria.
Esse texto está soando bem clichê, mas não sei outra forma de expressar coisas do tipo. É que lá no fundo me indigna o fato de a gente – sempre - só olhar, mas não vê de fato o que é bom e verdadeiro de imediato. A gente só olha, mas nunca enxerga a essência, preferindo viver com uma sensaçãozinha insistente de que alguns pedaços não se encaixam nunca. Eu não sei bem o que fazer com tudo isso que pensei, pois teorias são lindas em todos os lugares, mas sei que não quero ser apenas mais uma criatura medíocre no mundo.
Ainda, que a vida seja frágil como a parede de uma bolha de sabão, não tenho duvidas que é bem mais gostoso mantê-la solta no ar, flutuando livremente.