... Estas as observações de um viajor que não foi ao Lido de Paris, nem fez compras na luxuosa Bond Street de Londres; que não freqüentou o Escala de Milão, nem jogou cartas no Cassino de Estoril mas, que se sentou nos bancos das maiores praças da Europa e viu jovens cantando, livres pelas ruas do mundo e crianças esbanjarem alegrias inocentes e puras em parques monumentais, em meio a pássaros e lagos belíssimos; que observou, ao cruzar os campos da Europa, o trabalho do homem no amanho da terra; que comeu em restaurantes populares, andou de trem, de bonde, de ônibus e de metrô; que viu Pompéia e imaginou o drama do seu povo ante o mar de lavas que lhe lançara o Visúvio; que percorreu, emocionado, a “Via Ápia”, traçada por Apius Cláudio há dois mil anos e pisou o chão do Panteon, em Paris, - o templo da celebridade – sob o qual se encontram os restos mortais de Voltaire, Mirabeau, Zola e outros líderes da Revolução Francesa; que viu e fotografou, do cimo de suas colunas gigantescas, o Coliseu de Roma, onde se sacrificaram tantos homens sob os aplausos de uma populaça inconsciente e de um Cesar sádico e frenético que, perdido em meio a tanto poder e grandeza, começava a escrever as páginas derradeiras de uma história que foi linda e deveras grandiosa; que em Pistóia, na Itália, por deferência especial do Subtenente Pereira ao ex-colega de farda que também serviu, como Sargento do Exército, em zona de guerra, arreou do topo do mastro que se ergue no monumento ao Pracinha Brasileiro, às seis horas de uma tarde ensolarada, porém, triste e evocadora, a bandeira do Brasil. Enfim, um viajor que levou por toda a parte, à sua frente, o coração, e, em cima, no alto de sua sensibilidade emotiva os olhos límpidos da alma. 
 
 
 
Outubro de 1972.
Antonio Lycério Pompeo de Barros
Enviado por Antonio Lycério Pompeo de Barros em 08/04/2009
Reeditado em 17/04/2009
Código do texto: T1528564
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