Diálogo
Boca: - Você aniquilou o coração, o deixou acelerado, parecendo um fantoche de todas as suas exigências e desejos!
Amor: - É desse jeito que eu chego, abalrroando sentimentos menores, deixando de lado as fantasias da luxúria e do medo. Sou eu, o maior!
Boca: - É muita pretensão, arrogância; não entendo sua dubiedade, ora o faz feliz, e por consequencia eu ajo, ora o faz triste, e eu tenho que ficar tremulando como uma bandeira hasteada.
Amor: Sinta-se feliz, pois quando você é colocado para agir, este seu trabalho se torna prazeroso, tão gratificante que nem reclamas... eu sei!
Boca: - Disso não discordo, contudo, fico com a seguinte dúvida: por que deixar o coração sozinho, à espera da sua felicidade, sempre almejando estar contigo nos momentos de extrema alegria?
Amor: - Ora minha querida Boca, eu sou assim, há dias em que não estamos contentes, nem por isso deixo o coração a sós, apenas fico acanhado em meu canto, perto do hipotálamo, nobre amigo e fiel conselheiro.
Boca: - Sim, entendo. Queria você sempre ao lado do coração, ele me parece mais robusto, mais feliz, com versatilidade nas batidas, venoso nas investidas e arterial nas caminhadas.
Amor: - Também quero permanecer a vida toda ao lado do coração, mas a inconveniente da Razão às vezes, sempre, aparece para amedrontá-lo. Como sou pacífico, finjo que não (ou)vi e saio vagando pelos ares à procura de outros corações.
Boca: - Espero que não vá tão cedo, está ótimo assim.