BRANCO É O PAPEL...

Vens e chegas-te a mim de mansinho,

como quem não quer nada,

papel em branco,

pronto a cederes-me o teu corpo,

ávido pelas minhas sensações mais íntimas,

pelo meu toque meigo, furioso, vendaval e calmaria...

Insinuas-te em linhas, fazes-te meu leito, meu ombro, meu beijo, meu sonho...

Intimas-me a segurar uma caneta e,

quase em delírio,

gravar-te na textura passiva, o toque intenso do meu âmago, da minha alma...

Entrego-me toda, quando me chamas assim...

Sobem-me as palavras, a impulso quente, a sangue e lágrimas e, quanto mais me fira no espinho que trazem, mais te arranho, em febril paixão...

...papel branco onde me escrevo...

...papel branco onde me descrevo...