As andorinhas voltaram
Há muitos anos, quando eu não havia ainda experimentado a ventura de a conhecer e em seu seio viver, Campinas querida, ouvi seus filhos: poetas, escritores e jornalistas, chamarem-na “Cidade das Andorinhas”.
E eu a imaginava assim, uma cidade hospitaleira e bela, como realmente é, com suas palmeiras imperiais, seus lindos jardins e bosques seculares, para onde as andorinhas, em revoadas, acorriam às tardinhas, inquietas, em busca de pousadas...
Imaginava como deveria ser belo seu entardecer!... Seus dias claros e ensolarados, cedendo, gradativamente, a crepúsculos maravilhosas a desmaiarem, lânguida e ternamente, por entre a tepidez de suas noites azuis e cintilantes de estrelas!...
Entremente, aqui cheguei há pouco mais de um ano e a encontrei tão bela ou mais ainda do que a Campinas que eu sonhara, ostentando suas praças modernas, seus jardins e bosques maravilhosos, dentre os quais o inigualável “bosque dos jequitibás”.
Não encontrei, todavia, a ziguezaguearem no espaço azul deste seu lindo céu, as gráceis e aristocráticas andorinhas!...
Seus poetas, num tom saudoso e melancólico, chamavam-na, já, “ex-cidade das andorinhas”, buscando para você, com a finura de sua sensibilidade, outras alcunhas, igualmente delicadas e sugestivas, como “capital da gentileza”, “princesa do atibaia”, etc.
É que as andorinhas se foram... Não sei como, quando e nem por quê... Sei, apenas, que seu céu ficou deserto de pássaros e sons; que as árvores de seus jardins e de seus bosques amargam a fria solidão em que se encontram, desde o dia em que as andorinhas se foram.
Ontem, porém, ao deixar o serviço e atravessar a praça da matriz, notei um alvoroço estranho! As árvores, levemente tocadas pelo vento fresco do outono, eram palcos felizes de sons e músicas canoras, algazarras de seres inocentes, buscando sofregamente, um ramo em que pousarem...
Foi uma tarde de festa que se repete todos os dias!
E, até, parece-me ver nas árvores esse desejo ardente e voluntarioso de crescerem ainda mais, de estenderem seus ramos verdes para o céu e neles acolherem, todas as tardes e todas as noites, ébrias de felicidade e ternura, as lindas andorinhas que, finalmente voltaram!...
Setembro de 1962
Há muitos anos, quando eu não havia ainda experimentado a ventura de a conhecer e em seu seio viver, Campinas querida, ouvi seus filhos: poetas, escritores e jornalistas, chamarem-na “Cidade das Andorinhas”.
E eu a imaginava assim, uma cidade hospitaleira e bela, como realmente é, com suas palmeiras imperiais, seus lindos jardins e bosques seculares, para onde as andorinhas, em revoadas, acorriam às tardinhas, inquietas, em busca de pousadas...
Imaginava como deveria ser belo seu entardecer!... Seus dias claros e ensolarados, cedendo, gradativamente, a crepúsculos maravilhosas a desmaiarem, lânguida e ternamente, por entre a tepidez de suas noites azuis e cintilantes de estrelas!...
Entremente, aqui cheguei há pouco mais de um ano e a encontrei tão bela ou mais ainda do que a Campinas que eu sonhara, ostentando suas praças modernas, seus jardins e bosques maravilhosos, dentre os quais o inigualável “bosque dos jequitibás”.
Não encontrei, todavia, a ziguezaguearem no espaço azul deste seu lindo céu, as gráceis e aristocráticas andorinhas!...
Seus poetas, num tom saudoso e melancólico, chamavam-na, já, “ex-cidade das andorinhas”, buscando para você, com a finura de sua sensibilidade, outras alcunhas, igualmente delicadas e sugestivas, como “capital da gentileza”, “princesa do atibaia”, etc.
É que as andorinhas se foram... Não sei como, quando e nem por quê... Sei, apenas, que seu céu ficou deserto de pássaros e sons; que as árvores de seus jardins e de seus bosques amargam a fria solidão em que se encontram, desde o dia em que as andorinhas se foram.
Ontem, porém, ao deixar o serviço e atravessar a praça da matriz, notei um alvoroço estranho! As árvores, levemente tocadas pelo vento fresco do outono, eram palcos felizes de sons e músicas canoras, algazarras de seres inocentes, buscando sofregamente, um ramo em que pousarem...
Foi uma tarde de festa que se repete todos os dias!
E, até, parece-me ver nas árvores esse desejo ardente e voluntarioso de crescerem ainda mais, de estenderem seus ramos verdes para o céu e neles acolherem, todas as tardes e todas as noites, ébrias de felicidade e ternura, as lindas andorinhas que, finalmente voltaram!...
Setembro de 1962