"Para entender o amor"

As vezes me pergunto se já amei alguém, talvez não, porque não acredito que o amor seja um sentimento destrutivo, algo que faça sofrer, o transforme numa pessoa ruim, amarga, sem alegria, triste.

Acredito que o amor não te tira a paz, nem o sono, nem desperta o ciúme doentio que corrói por dentro.

Na verdade, acredito que o amor é o inverso de tudo isso.

Para mim, o amor deve ser um sentimento construtivo, onde duas pessoas constroem juntas o seu futuro, se completam e somam para se tornar melhores e não piores.

O amor não deve fazer sofrer, embora nesse mundo soframos por muitas coisas, o amor deve ser o lugar onde descansamos desse sofrimento, um lugar de paz, onde reina a alegria.

Acho que o amor não tira o sono, mas, antes, nos faz dormir tranqüilos e sonhar com a pessoa amada, ou, nos faz adormecer juntinhos, na segurança de um abraço, na doçura de um carinho, no aconchego de um sorriso meigo e sincero.

O amor deveria ser como um abrigo durante o temporal, ou como um oásis no meio de um árido deserto, o lugar de pousada depois de uma longa e exaustiva jornada.

É assim que entendo o amor, da forma mais simples possível, sim, porque o amor é simples, embora muitos insistam em complicá-lo com indecifráveis declarações que não querem dizer coisa alguma, quando seria tão mais fácil dizer apenas: “Eu te amo”. Mas, para muitos, estas pequenas palavras caíram no desuso e tornaram-se símbolo de fraqueza.

Que me desculpem os insensíveis, mas, se amar é sinal de fraqueza, considero-me a mais fraca das pessoas, e seria sem remorso, pois amar é o que desejo.

Sei que existem alguns que simplesmente não entendem o que é amor, nem poderiam, pois esse tipo de pessoa não sabe se doar, não conhece o significado de palavras como empatia, sinceridade, altruísmo, bondade, generosidade, sensibilidade e compreensão.

Em seu vocabulário só cabem palavras como egoísmo, engano, incompreensão...

Tenho pena, por não poderem sentir a emoção de amar, por não conhecerem as sensações relacionadas com a paixão, por nunca terem as mãos suadas, o coração batendo forte a esperar, o sabor do beijo quando o sentimento é recíproco, o gosto por coisa alguma, em qualquer momento e em tempo algum...

Amor intenso, por uma só pessoa, por fazer as coisas juntas, por acordar ao lado dela todas as manhãs, sim, ao lado da mesma pessoa, a pessoa que se ama... O que há de errado nisso? Será tão ruim prender-se a uma só pessoa a vida toda?

Ruim pra quem não conhece a beleza de ter alguém que o ame incondicionalmente, desprovido de qualquer interesse, seja esse material ou físico, amor de espírito, amor este que nos faz enxergar não apenas um homem, ou, uma mulher, mas um ser iluminado, especial, que a cada gesto nos surpreende e a cada dia nos descobre e nos provoca sorrisos e lágrimas e sentimentos outrora desconhecidos...

Amor este que nos faz amar suas tristezas, defeitos, qualidades, e às vezes nos faz ficar imóveis a admirá-la lavando a louça, enquanto assobia uma canção que faz lembrar os tempos em que se conheceram, ou quando seguramos a escada pra que ela troque a lâmpada da sala e vez em quando os olhares se cruzam e os sorrisos afloram...isso é o amor pra mim...

Amor que às vezes vem disfarçado de papel de bala, de buquê de flor, de maçã do amor...

Ufa! Desabafei...confesso que ainda não encontrei amor assim, apenas amei, amei sem receber nada em troca, mas ao menos não me privei deste sentimento tão grandioso e único e da satisfação de demonstrá-lo. Minha única insatisfação é saber que ele transborda dentro de mim e não tenho a quem doá-lo, quisera encontrar alguém que me possa amar e que eu possa amá-lo.

Mas que seja uma amor puro, que ainda não tenha sido contaminado pelo individualismo e pela falsidade, mas que tome conta de mim e me proteja de pessoas assim, que me faça sonhar acordada enquanto caminhamos de mãos dadas para um lugar chamado infinito.

Karina Volpi
Enviado por Karina Volpi em 02/04/2009
Código do texto: T1518517
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