Poema do Amor em Prosas e Versos

Eis que os sonhos e a vida nos permitem falar de Amor. Quando nossos corações são maduros (porque Amar é maduro!) e bons e vicejam aquelas canções e hinos de glória - seja essa por meros alvos, por fantasiosos mundos de magia, por felicidade plena - que certamente se mostram no fim do passeio de si com si mesmo, é que se pode descobrir algo sobre os sentimentos.

Levamos conosco os instantes de junção das sensações antagônicas. Que nesse frenético jogo de antíteses somos humanos acima das percepções, possuímos logo um coração. Gestos se eternizam na beleza de um olhar, na busca de uma estrela mais longe do que podem enxergar, no encontro infinito de duas mãos que se apertam para jamais soltar formando uma cena que é projetada no mais belo dos palcos de teatro: a vida. A vida que jamais é ensaiada, mas que nos causa aquele sentimento de possuirmos e sermos [e porque não o friozinho na barriga do ator?] cada dia melhor do que uma expectativa nostálgica daqueles que vêem supérfluos. E ao mesmo tempo nunca perdendo a maestria do menestrel das artes desse nosso teatro, onde os protagonistas são nossos para sempre passageiros libertos pela estrada longínqua da vida.

O Poeta finge suas dores ou será que as expressa da maneira que foram sentidas? – que me perdoe Fernando Pessoa na sua imensurável imensidão – O poeta ama incondicionalmente, o poeta é o seresteiro que canta um acorde acordado do boêmio.

E ora canta os olhos da bela moça de mãos dadas que encontrou a sorte dada ou que entregou seu peito a chama da paixão. Agora ela é mulher! E ele... Ainda não é homem!

Mas ele vai aprender, como todos.

Se a vida nos permite poetizar o amor tentamos lhe descrever em formas demasiadamente ocultas, de modo que sendo diferentes, julgamos diferentemente e devemos ser seres filosóficos no qual Freud já demonstrava nossas teorias irrevogáveis. O poeta descreve o Amos. Sentimento que remete aos outros tantos incontáveis. Ora expresso em prosas belas e grandes formando um aglomerado de sentimentos absortos e abafados descritos em linhas que apenas esperam para serem preenchidas, porque até o “nada” das linhas possui uma explicação; ora expresso em versos rimados e porque não até desenhados – se é que a percepção repara isso. Mas que demonstram o sentimento profundo do Amor do mundo.

...

Em poesia? Ah, o Amor!

O quer ser simbolizado na essência de qualquer laço,

Qualquer idéia. . . Seja como for.

Amor que estava escrito por suas mãos.

Abaixo das mais belas estrelas ao redor da mais bela lua

Que a você faz lembrar.

Amor eternizado no metal;

Amor puro;

Amor de certezas;

Amor de confidências;

Amor compartilhado;

Amor da vida;

Amor de aprender a ser mais feliz;

Amor de escutar os conselhos;

Amor de se deixar acreditar nos planos;

Amor de conviver os anos;

E de conviver os detalhes;

Amor de conjugar não só o verbo,

Mas os sentimentos que moldam.

Moldam-nos em indivíduos melhores.

Ou seja, Amor que transforma.

Amor de querer Amar maiusculamente –

Como já foi eternizado um dia no mundo das belas Idéias Eternas -

(se é que a filosofia me permite!);

Amor que trouxe flores cheirosas

E celebrações do mundo repescado em novas cores;

Amor que ilumina as idéias,

Almeja o tempo e ama a arte desse teatro.

Nessa interminável ladainha da vida

Expressa em linhas puladas.

E para de novo repetir...

Amor de apenas querer poetizar algo à amada

Numa madrugada escura e fria,

E que faz perder o sono nos incontáveis segundos a sua espera.

Deste que só em você consegue pensar.

São tantos tipos humanos e amores; seria impossível arriscar mais algumas tentativas. São humanos e amores que se encaixam.

...

E na história conturbada do amor em prosas e versos vou levando na mais fiel e cabível loucura a capacidade de amar. Amar o perdido, talvez. Mas Drummond já o amou. Vamos então a sua mimese, isso já não mais importa. Aprender a celebrar as causas reais em obras de arte da nossa percepção é ser a memória do que foi, do que é e do que virá. E nós escreveremos isso com muita precisão.

(...)

E lá nas antigas e perfeitas obras eles ainda sonham com o Amor para sempre: Ela que se descobre e ele que acredita que pode ser.

“Eles desenhavam no ar os mistérios do amor silencioso e as delicadas formas da paixão.”

Quem algum dia disse que não seria complexo?

Em mim eu desenho você!

No vento que hoje passa pelo meu rosto

Desenho a projeção nada ilusória do que um dia virá a ser;

Da sua perfeição para mim

Que na verdade não é nada perfeita,

Mas meu coração acusa que é o futuro!

Que anda batendo à nossa porta.