TRANSFIGURAÇÃO
Cândido, Ele tomou-me à palma da mão e assoprou docemente. A princípio minhas vestes alvas esvoaçaram, leves. Num súbito, porém, suas bochechas inflaram-se e Ele, dessa vez, soprou-me forte, rasgando e desprendendo as peças do tecido, que se íam afastando do meu corpo desnudo. O sopro se fortalece mais; um turbilhão por ora fere e dilacera as carnes frescas, à medida que os músculos soltam-se ante surpreso espanto; nervos, num emaranhado viscoso esbranquiçado, vão-se; órgãos, vísceras, a tudo é ordenado sair. O sangue, não percebo. É tudo muito inexplicavelmente limpo e indolor!
Restam finalmente os ossos. De sua boca não exala mais nada. Desde então, seus dedos ágeis se ocupam em sacudir pacientemente a ossada, fazendo cair sobre sua mão algo que aparentemente insistia em ficar dentro do esqueleto. Um piparote, porém, fê-lo livrar-se daquilo. Dos seus piedosos olhos, agora resplandecem dois fachos de luz, perpassando todo o esqueleto. E meus ossos, naturalmente, seguem absorvendo aquela fulgurante luz!
Passo seguinte, um cálido sopro vem em minha direção, e, sereno, vejo comporem-se, nos ossos predestinados, parte por parte, as fibras de um novo ser.
Finalmente, num frêmito inaudito, uma consciência é apagada, e a outra, nova, exclama:
--- Pronto!... Eis-me aqui! Um novo homem!
Restam finalmente os ossos. De sua boca não exala mais nada. Desde então, seus dedos ágeis se ocupam em sacudir pacientemente a ossada, fazendo cair sobre sua mão algo que aparentemente insistia em ficar dentro do esqueleto. Um piparote, porém, fê-lo livrar-se daquilo. Dos seus piedosos olhos, agora resplandecem dois fachos de luz, perpassando todo o esqueleto. E meus ossos, naturalmente, seguem absorvendo aquela fulgurante luz!
Passo seguinte, um cálido sopro vem em minha direção, e, sereno, vejo comporem-se, nos ossos predestinados, parte por parte, as fibras de um novo ser.
Finalmente, num frêmito inaudito, uma consciência é apagada, e a outra, nova, exclama:
--- Pronto!... Eis-me aqui! Um novo homem!