Garota e Pipoca

Tentativa de reconstituição de uma prosa poética que escrevi entre 1963 e 1965, em Manhuaçu(MG) quando cursava o Curso Técnico de Contabilidade. Meus colegas gostaram bastante, pois estava em evidência poesias modernas na trilha de Manoel Bandeira e outros. Perdi o original e tento reconstituí-lo aqui.
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Garota e pipoca,
Garota e cinema,
Garota, pipoca, cinema.

Lá dentro,
Em silêncio.
Garota e pipoca.
Na sombra
Um rostinho,
Dois lindos olhinhos.
Garota e pipoca.

O filme começa,
Garota e pipoca.
-Pipocas, amor?
-Pipocas? Pipocas pra que?
Pipocas não fazem a gente feliz!
Pipocas! Asneira que o homem inventou!

Plac, planc, plac.
Garota e pipoca.
E ela,
E blusa amarela:
-Pipocas, amor?

Pipocas?
Eu quero é teus olhos,
Eu quero é tua boca,
Eu quero e estalo de um beijo macio!
Eu quero outro gosto,
Outro gosto te plac.
O plac do estalo
De lábios vermelhos,
Pipocas pra que?

Garota, pipoca ...
Um riso!
Eu ouvi?
São guizos
Que ecoam aqui!

Mãos brancas,
Esmalte vermelho,
Um tiquinho
De joelho.

Seus lábios são pétalas
De rosas
Cheirosas,
Que fruta gostosa!

Mas ela,
Sem trela,
Na mesma querela:
-Pipocas amor?

Termina a sessão.
É quente sua mão.
Acerto o balcão!

Na Rua,
A lua,
Insinua...
Mas ela
A sereia,
Me envolve na teia,
Alheia
a minha dor,
Em voz que se alteia:
-Pipocas, amor?