Insônia
Insônia
Deixei de dormir quando percebi que Morfeu não lhe traria para mim, quando descobri que os sonhos nem sempre são o prelúdio da realidade e os beijos etéreos não são de verdade.
Deixei de dormir depois que vi que o despertar não me mostraria seu corpo quente e macio, apenas o vislumbre do espaço vazio e frio, onde outrora você habitava e a gente loucamente se amava.
Passei a conversar com a lua, a vagar sozinho pela rua, a me esconder nas sombras e na escuridão, a conjurar ao vento qualquer tola maldição.
Sequei as lágrimas com nuvens de algodão, contei às estrelas a minha
perdição, vaguei nas praias pensando em me afogar ou mesmo ficar parado e nas areias afundar, metáfora nada sutil dos castelos que as ondas vem desmanchar.
Deixei de dormir quando perdi de vez a esperança, atingida mortalmente por uma lança, quando seu perfume desapareceu totalmente no ar e a sua correspondência parou de chegar.
Deixei de dormir quando perdi a motivação de acordar, assim como
lentamente vou deixando de viver por não ter você para amar.
Leonardo Andrade