Desabafo de Um Antropólogo Interestelar

Desisto de entender a raça humana!

Sei que são muito mais do que cadeias proteicas

Mais do que lógica e raciocínio

São seres fantásticos, seres complicados

Que não se conformam com o banal

Adoram complicar o simples

E simplificar as complicações

Adoram sonhar com fantasias

E fantasiar realidades

Como podem ser assim, tão complexos?

Eu, em minha condição de antropólogo

Apenas olho essas relações e reações

Anoto em minha prancheta minhas opiniões

Coço a cabeça a cada cena que vejo

Fico confuso a cada fala e desejo

Tento compará-los com os de minha raça

Mas as semelhanças resumem-se a nada

Onde vivo é tudo muito simples

Nasço, cresço, reproduzo, morro

É minha função, fim de discussão

Mas aqui na Terra não

Aqui tudo é cheio de dramas

Choro da perda e choro do fim

Riso do início e alegria do sim

Riso chorado, choro sorrindo, pura contradição!

É por isso que desisto de meu estudo

Entregarei minhas anotações ao chanceler

Ele que se entenda e os tente compreender

Porque eu, meus caros, desisto de entender!