Paragrafos Tortos

Vocês não sabem da última, parei para pensar e descobri que não sei o motivo, de minhas aventuras no mundo das palavras. Gostar de escrever já não basta, se eu disser que é dom estarei mentindo. Erro nas concordâncias, e nunca sei onde coloco o ponto final. Talvez seja pra me conhecer melhor, ou ainda, pra brincar de faz de conta. Não é um coisa e muito menos outra. Não quero me conhecer tanto assim, e já estou bem grandinho pra brincadeirinhas.

Paro e penso, me olho e re-penso. E no fim de tudo não pensei nada de interessante. Acho que já sei o motivo. Não quero dizer, mais acho que é por medo. Medo de passar por aqui e de não deixar minha marca. Medo de quinze dias depois do funeral, já não passar de apenas uma triste lembrança na memória de poucos. Tenho medo da morte e da vida inútil. Quero ser imortal , e tal elixir é a poesia, nem sempre bem estruturada. Mas vão se os corpos e ficam as letras. Vão se os sonhos e ficam os versos. Termina-se a vida , mas vivo permanecerei em meus parágrafos tortos e nem a morte colocará um ponto final em tudo isso. Sim, escrevo por medo do esquecimento, e para não esquecer que estou vivo.

Affonso Santos
Enviado por Affonso Santos em 21/03/2009
Reeditado em 08/05/2010
Código do texto: T1497646
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