Venha

Venha

Venha meu amor

Venha quando e como quiser

Sem perguntas, sem mágoas, sem explicações

Apenas venha ...

Venha de manhã, ao amanhecer

Seque as furtivas gotas de orvalho no meu corpo

Expulse as trevas e traga a luz

Exorcize os fantasmas , quebre as correntes

Explore todos os caminhos

Mostre-me que não estou mais sozinho

Venha à tarde, ao cair do dia

Acompanhe comigo de mãos dadas a troca de guarda

Preencha os inevitáveis silêncios que a escuridão traz

Ensine-me a gardação das matizes que escurecem

Inunde meu universo de vermelho-paixão

Mergulhe em mim como o sol no oceano

Dilua suas dúvidas e afogue o passado

Venha à noite, envolta em sombras

Realize suas fantasias

Brinque com suas máscaras e alegorias

Seduze entre as brumas

Mascare suas expressões

Crie novas versões

Rasgue as roupas e vendas

Olhe com a alma

Sem pecados, tabus ou restrições

Exacerbe absolutamente todas suas vontades e emoções

Venha a qualquer hora, sem avisar

Venha de supresa

Jogue-me sobre a mesa

Questione minhas certezas

Mude o rumo do caminho

Reescreva o presente

Crie o futuro da gente

Venha livre de promessas

venha leve e não tranque a porta

Vá quando desejar, se desejar ir

Vá sem deixar bilhetes

Vá sem lágrimas no olhar e não espere vê-las em mim

Vá com um sorriso

Leve as melhores lembranças

Os sons dos orgamos na sinfonia do amor

Olhares expressivos, as mãos frenéticas

A expressão de quero sempre mais

A visão do seu lugar sempre presente no velho cais

Não se preocupe com chaves ou cadeados

Seu acesso será sempre liberado

Eu sei que você vai voltar

Muitas e muitas vezes

Até decidir ancorar

Afundar o barco e ser um náufrago voluntário

No microcosmo da nossa ilha do amor.

Leonardo Andrade