Selvagem



Eu queria explodir em luz essa aprisionada teia travestida de cidade, seus adereços com seus cacos de modernidade,expressar-me numa velocidade tal que não há tempo para articular palavras. Em meu pensamento edificar uma imagem amena, qualquer paisagem serena
denunciando algo intacto, nosso, como um glorioso estigma de vidência construindo oásis em desertos. Eu queria decompor teu egoísmo permeado de incertezas e te transpor à luz de tudo que sabe compartir-se, na essência do prazer que não subtrai nem devasta, além do lucro e da perda, do amigo e do amante, bem ali, onde já não importa o nomear. Eu queria-te desenhando o corpo de uma noite calma feito de nossas poucas certezas. Ve-lo imagem cintilante,só lembrança de sentidos num significado indizível. Perdão, mil vezes perdão, eu sei - todo momento mágico é inesquecível, mas o tempo é invencível e...eu preciso ver, de novo, a vida que pisca pra mim, minha pérola ferimento, agora jóia brilhando em outro segredo, sonho. Eu preciso brincar de eternidade - O tempo presente como o melhor agora. Ele é que uiva na assonância selvagem onde pulsa vida para esquecer que há muito esperamos. Todos nós, sonâmbulos, atados num tempo infindo, sob túneis e viadutos estancamos nosso sonho todos os dias e sob muitas luas cheias, tão somente esperamos, mas sob o signo do meu verso eu tenho que me fazer invento do meu próprio tempo.Eu já não posso esperar.Na curva dos meus medos, nos teus dedos que desenham meu umbigo, acho que eu soube estar assim, muito contigo.







* texto reeditado

Ana Valéria Sessa
Enviado por Ana Valéria Sessa em 02/05/2006
Reeditado em 07/12/2011
Código do texto: T149079
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