EU QUERO SER PEIXE

Eu quero ser um peixe; um Dourado lustroso, esguio, de rabadas ondulantes e sedutoras. Sempre me imaginei gaivota, no azul do céu, mas hoje, quero ser peixe. Habitar um espaço bem diferente. No azul do céu a gaivota corta os ares, namora, viaja, desce em parafuso para buscar, no mar, seu alimento.

O peixe viaja na água barrenta do rio, brinca de pique - esconde com anzóis, e corre atrás das piabinhas.

Quanto tempo viverá um peixe, se consegue livrar-se do anzol? Terá enfado da vida? Sempre descendo rio, descendo rio... Como será sua cantada, seduzindo a Douradinha? Será rejeitado ou aceito logo de cara?

O peixe, certamente, percebe no movimento das águas, as canoas, os barcos e tremerá com medo das redes. A vida de um peixe e tão interessante e estressante como de um ser humano em Copacabana.

Ih! Que frio! Meu sangue está ficando frio! Algo está acontecendo; meus braços já não são braços e, sim barbatanas. Minhas pernas... Que bacana! Transformaram-se numa interessante cauda. E o meu corpo é liso, escorregadiço, pintado de dourado!

Hoje sou um peixe e viajo em águas mansas, descendo rio, descendo rio...

Maria Eneida
Enviado por Maria Eneida em 16/03/2009
Reeditado em 07/05/2009
Código do texto: T1488844
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