Eu, um papel em branco,
E um verso à-toa...
        Águida Hettwer
 
 
Em palavra camuflada
Um verso à-toa intimida-me,
Aponta-me o dedo!
 
-Não vai versejar?
 
Respondo:
-Vou! O porquê de tanta pressa?
 
Grita o papel pálido sobre a mesa...
-Alimenta-me! Mesmo que seja
De garatuja.
Dê-me de beber de tua fonte,
Minha boca anseia por inspiração.
 
Tatua-me pelas bordas,
Feito partitura de uma canção!
 
Respondo Eu?
-Façamos um acordo, meus amiguinhos!
 
Tu, oh verso à-toa!
Empresta-me as asas
Dê-me liberdade
Para tatear a alma humana.
 
 
 
Emocionando os corações,
Abolindo os espinhos,
Que teimam em fazer sangrar,
Arredando as pedras do caminho,
Alforriando sonhos retidos no olhar.
 
Desvendando mistérios
Insondáveis, replicando
Emoções na aridez de um
Efêmero momento.
 
Concorda?
-Perfeito! Respondeu o verso.
 
E tu! Papel imaculado, o que me diz:
Responde ele, quase sem fôlego!
-Sem mais controvérsias.
 
 
Aceito a candura de teus versos,
Queima-me a face empalidecida
Com palavras, regadas de nostalgia.
 
 
Todavia, o verso revezou-se em canção,
Conjugando o verbo amar,
Em sônico pensar...
 
 
14.03.2009