Ah... tempo
Passei por uma estrada,
vi o tempo parado à beira do caminho.
Não era novo nem velho;
não tinha idade nenhuma;
tinha cara de criança quando ria
e sempre dizia:
-Quem sabe um dia você se arruma
ou se arrima...
Me disse que nunca passou;
que já nasceu ali;
que tem o nome de sempre,
que nunca começou existir;
mas que é como um rio
e ninguém passa por ele duas vezes.
Tem vários nomes...
Instante, momento
horas, semanas anos, eternidade...
Idade.
Quando dei por mim eu...
Eu já tinha passado,
eu já tinha presente
eu já tinha futuro.
Mas ele não,
continuava ali;
e ria...ria...ria...
Ria porque sabia,
que eu, perambulante,
pensava que era ele que passava,
mas eu que estava na via
que nascia, que vivia ,que morria...