O doce está a desandar

O doce está a desandar

Vanderli Granatto

Desacordos,

Dramas,

Tramas.

Espinhos pontiagudos,

Faca afiada!

Cravam profundamente no coração!

Resoluções difíceis

Crepita a chama incendiária

Soluções como encontrar?

Em meio às turbulências,

Como a isso se sobrepor ?

Cabisbaixo...

Procurar as estrelas no mar?

Fazê-las sentirem o reflexo do céu...

Se vestir pra guerra do dia, sem vitória...

Melhor de anjo, esbanjar doçura...

De fera, esquecer a donzela.

Calar e ou xingar?

Que vá tudo pro inferno!

Que tudo vá se danar.

O diabo zomba, ri da moçada,

Cabelo esticado, cara pintada,

não querem saber de nada...

A vida é sem preço...

É bom aproveitar a liquidação...

A vida é sem preço?

Mas tenho que, por tudo pagar!

O preço alto cobram.

Você tem que se arranjar!

Problemas e problemas..

Onde arrumar soluções?

Vou pro mar morar na casa da sereia,

No movimento da vida, estou sem chão,

sem teto, sem irmão.

Em quem confiar?

Sem eira, nem beira,

A vida virou confusão!

Problemas demais, tudo a desandar...

Um show de insatisfações estamos a presenciar...

Ética, respeito ao conceito de vida,

consolidar o bem e o bom, quando?

Quero morar no mar,

Lá as mágoas vou lavar,

Sem gastar água, não preciso nem pagar...

A economia tá feita!

Não desperdiço água da natureza

e tenho água abundante pra usar.

Os peixes é que sabem viver!

Vivem aproveitando o nado, pra descansarem à vontade.

E nós humanos, quando vamos à praia, pagamos.

Se não sairmos de lá limpinhos, sem dinheiro,

sem nada, não está bom...

No mar há também desengano,

lá atiram sujeira...

Que lugar devo então morar?

Na terra, não!

Na lua...

No mar...

Na rua...

Mudar tudo, não dá...

Já sei,

Vou voar, voar...

Os pássaros sabem viver,

Voam alegremente por entre, plantações,

Morros, serras, apreciam as belezas da terra,

de graça, sem nada pagar...

Sem procurar, acham os atrativos certos

Para simplesmente se alegrarem, se satisfazerem...

E nós que dizemos,

"Somos seres pensantes..."

Nem sabemos pensar!

Enquanto os bichos exploram as belezas naturais,

nadam, voam, andam pela florestas,

saboreiam tudo, sem nada sacrificar.

Vivem a beleza, sem a prejudicar, sem nada mudar...

Nós nos matamos, para tudo modificar.

Mudanças e mudanças...

Criações, criações...

Esquecemos de apreciar as belezas naturais...

Esquecemos de relaxar...

O Pai fez o mundo e no sétimo dia descansou.

O homem criou tantas coisas e se desassossegou.

Me dê a mão meu irmão...

Vamos consertar as coisas,

deixá-las cada uma, em seu devido lugar?

A exploração anda solta, vamos especificar,

O que deve-se mudar?

Chega de alvoroçar...

Enfiar a mão no doce, ele pode desandar...

Vanderli

11/03/2009

Botucatu/SP