"Quem nunca amou"

Quem nunca amou não entenderá o que direi, porque amar não cabe entender, nem explicar, só sentir, deixar levar.

Quem nunca amou não sabe o gosto do beijo molhado, estalado, sequinho, com gosto de chocolate ou morango, o gosto doce do amor.

Quem nunca amou não consegue entender a emoção da espera, a expectativa da chegada, a dor da partida.

Quem nunca amou não sabe ver a beleza do nascer do sol, a riqueza do orvalho escorrendo das folhas ou até mesmo o entardecer de um dia de outono à beira do lago.

Quem nunca amou não compreende a necessidade do perdão, a cumplicidade de entender as razões, a capacidade de saber, que o que é maldade pra uns é beleza pra outros.

Quem nunca amou não sabe fazer arte, não sabe fazer parte da vida de outra pessoa.

Quem nunca amou não sabe ser feliz por nada, andar de bicicleta na praça, cantarolando uma canção do “14 Bis”, chupar sorvete na chuva, andar descalço na lama, sorrir sem motivo só porque viu uma flor ou uma cor que lembra a pessoa amada.

Quem nunca amou não sabe o gosto da pipoca do pipoqueiro, da bala no cinema.

Quem nunca amou não sabe namorar escondido, não tem lugar proibido, não conhece a alegria da surpresa por ganhar uma flor roubada e com ela um bilhete desenhado um coração.

Quem nunca amou não sabe ficar sensível diante de uma cena de amor de um filme qualquer, e chorar de emoção quando tudo acaba bem.

Quem nunca amou não sabe chorar de dor por perder a pessoa amada, porque o amor é assim, ele vai e volta.

Mas só quem já amou, sabe como é boa essa volta, e quanto doeu esperar e sentir falta e sorrir e chorar.

Quem nunca amou não sabe ser feliz de fato, porque a vida só é vida se nela existir um amor.

Amar é se libertar, é se escravizar, é dormir e acordar para um mundo de sonhos, é sentir seu corpo vivo, é o brilho nos olhos, é a canção no violão, é beijar uma foto, é escrever um poema, uma prosa sem tema, é ficar é partir, é entender um olhar, decifrar uma lágrima, tremer com um toque ou um gesto de carinho.

Quem nunca amou nunca correu atrás do ônibus, nunca jogou um beijo, nunca fingiu que não viu, nunca teve ciúmes, brigas, desilusões, nunca cansou de esperar, de perder, de encontrar.

Porque não há sentimento mais puro que amar...

Sim, porque, quem ama é inocente, o culpado é o amor, o vilão é o coração e sua arma...é a flor.

Karina Volpi
Enviado por Karina Volpi em 12/03/2009
Código do texto: T1482779
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