{Cada vez mais...}

Cada vez mais a vida com menos sentido como alguém que recebe o milagre sem nem crer. A vida com seu senso de falta de sentido. A vida como um descontar de gotas a jato.

Não que a vida tivesse algum sentido algum dia (eu tenho sentido a vida sem sentido), mas ela o próprio sentido se esgarçando plena e se estilhaçando no tempo e no espaço. A vida a se capitular em fragmentozinhos inteiros. Como um fruto se dá às bocas famintas, à terra faminta. Quando uma coisa viva, de uma hora pra outra que é só um átimo, se espatifa na terra, a vida cheia de suas desrazões e absurdos.

Pode até parecer que busco algum tipo de sentido na vida. Busco esse não sentido óbvio ou o sentido do não sentido, como é ser não sendo.

Quero a investigação, a busca e a descoberta por puro prazer, a aventura, por puro descaramento.

Quero-te vida viver víscera, na intimidade de tripa.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 11/03/2009
Reeditado em 13/03/2009
Código do texto: T1480857