Travessia

Nunca entendera porque tinha sido determinado a ele ser o lado deformado do quadrado antes dito perfeito. Da figura saudável e promissora, era o lado fraco, putrefacto.

o sentido de injustiça, de deslocamento, maculava pelos e poesias.

Aceitara quando infante, adiava e odiava sem mais perguntas, sem mais preocupações, sábia estupidez ingênua, que adiante se revelaria uma janela com vistas para o caos, um pavil sem corpo, sem fogo.

O sentido de injustiça, de deslocamento, maculava pelos e poesias.

Brados cegos de ódio endereçados a todos os planos: físicos, metafísicos, astrais. Todos suportavam um pouco do seu não-ser, que tinham a destreza e vigor de um animal de carga.

Isolamento, lamentos, medievo, aglutinavam-se a pensamentos canalizados ao extinguir, acabar. Suplicava pelo fim, sem saber que não seria bem esse o próximo passo - ainda trôpego, mas já com algum sentido. De tanto proclamar, ameaçar, e por fim, maldizer, não poderia ser diferente, nem mais irônico... Tornaste uno, indivisível, inquebrável.

O corpo marcado e remarcado sem sucesso o fizera entender que não haveria como corrigir tais anomalias, imperfeições, pois seus estigmas o revelariam como realmente é, o que realmente tornava-se, diferente de tudo o que se tem por justo, por correto... A alma torta, não pelas batalhas perdidas no intra, muito menos pelas feridas colacionadas ao longo do tempo, mas apenas por ser e não-ser.

Por tempos e sem tempo. Imperfeito, injusto, incorreto, amoral. Atravessador de almas, passos, marcas. Completar... cabe a cada.

Fabricio Moura
Enviado por Fabricio Moura em 05/03/2009
Código do texto: T1471393
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