Tempos paralelos
À vela sobre a mesa...
O tempo propício
Para grandes aventuras.
Imaginemos! Idealizemos!
Transfiguremos!...
Tudo que sonhamos,
Tudo que vivemos,
Tudo que resta-nos.
A pouca luminosidade
Daquela velha amiga,
Porém sempre presente
Mos meus épicos...
(Moinhos de ventos).
Traço a realidade
Um pouco tímida ainda,
No entanto os meus fazeres
Mostram ao mundo
A minha astúcia
E perspicácia.
Mesmo aqui,
com as minhas palavras
Devassas (reais),
No ponto exato
que me refiro,
Sufoco-me...
Em todas
as noites
de velas.
Tendo uma figura
Quase desastrada
(Sem forma ou com
Toda forma
Mal estruturada),
Um bigode saliente,
Uma barriga de causar inveja
A qualquer fanfarrão...
Sinto-me no auge
Da minha compreensão.
[...] As noites aqui
São muito difíceis!
[Escrevo numa mesa de madeira
Empoeirada e desnivelada... Um pouco!
E iluminada apenas
Por uma pequena vela.]
Estou sentado num banquinho
totalmente robusto,
Porém professo:
“O homem começa a morrer
Na idade em que
Perde o entusiasmo”.
Memórias de Balzac