Traição - Uma comédia sem graça
O sangue escorre-lhe o rosto
Homem que é homem, bate com gosto
Se traído, infringido as leis de honra
E ainda assim, rancor algum, demonstra,
Crava-lhe o soco no queixo
Sem piedade alguma, só desejo
De ver-lhe urrar de dor, sem compaixão
- Na hora, em minha mente, somente
Traição.
Vê e lembra, então, de outrora
Lembra e diz-me, se tiveres condições, agora
Que arrependes do teu feito
Pois que se fez, devia telo feito direito
E não chores, guarde lágrimas pra depois
Quando não conseguires mastigar o arroz
Que lhe deixa em pé – pois deveria ter comido mais feijão
Pois levanta-te agora e sustenta-te de pé
Pois não bato em homem no chão.
Homem de joelho é homem sem ser
Sem lealdade, honra, sem saber
De onde vem teu nome, tua tradição
De onde vem a idéia do teu "não"
Fala e faz sem saber, sem saber que amanhã
Acorda e, eu, mente plena e sã
Sei bem dos meus princípios, não sei de emoção
Eu, frio como o gelo, sem pena no coração.
Sucumba ao eterno arrependimento
E vê agora – já com os dentes adentro
Da boa suja, mau lavada, que de sangue eu vejo
E sei bem qual seria, agora, teu desejo
Pois devia tê-lo tido por antes, e pensado
Que é dessa forma que deveria ter acabado
Você urrando de dor, e eu, sem compaixão,
- Agora, em minha mente, somente
Traição.