As flores que me enviastes
As flores que me enviastes ainda estão aqui. Absortas, abstratas, olhando pra mim. Gostaria de você aqui, para fazê-las sorrir. Procuro-te por entre elas, não vieste junto. E ficaste com o perfume delas pra ti. Também elas, as hortências que me enviastes, não têm raízes, contrariando-te. Efêmeras e vulneráveis, tentarei encontrar nelas as sementes e plantá-las em meu jardim secreto, talvez assim, trarei um pouco de ti. Cuido-as todos os dias, elas olham-me com carinho. Queria fazer delas os teus olhos, tão distantes e fechados, quase não me vês. Se brotarem as flores em meu jardim, terei-te imortalizado, conforme Kundera.