EU E SIATAÉL III
Às vezes, penso que sou um insano visionário!
Porque olho sempre além, e vejo tudo de uma maneira única e exclusivamente minha. Com perspicácia estou preparado para encarar qualquer desafio que a mim venha a se apresentar, usando o poder da mente em ideias firmes e vigorosas. Mas mesmo utilizando-me disto, nem sempre minha alma suporta os incríveis dissabores, pois a deixo sozinha, abandonada em meio a terríveis temporais, causadas pelas tempestades de falsos amores.
Dificilmente de algo me admiro, e sei como funciona o pensar de cada um, que astuto se aproxima, principalmente, aqueles que pensam ser eu um imprudente e que podem com balelas, no bico me levar! Assim, movimentam-se acertos e sempre me questiono para conferir, pois só eu posso interpretar a versão final. Com senso crítico, ultrapasso dificuldades, sendo objetivo, tranquilo e natural.
Mas escondo de todos, algumas coisas que nem sempre gosto de revelar!... Andei criando perspectiva para nós, SIATAÉL, e tudo acontecia feliz em perfeito entendimento. E de minhas saudades adormecidas, trancafiadas a sete chaves no velho baú, conscientemente abri certas exceções, permitindo sua aproximação. E em seus beijos, seu calor, sua energia, retirava o doce e minha inspiração... Idealizei para nós, a grandeza de um mundo com todas suas belezas, usando de total franqueza, cercando-o de romantismo, esmerando-me na excelência da produção.
Mas desarmei-me e não quis ouvir certas insinuações e não reparei que as facilidades a estavam levando para uma outra direção e não atinei com suas reais intenções.
Ninguém melhor do que eu, para compreender minha fragilidade e porque facilitei, querendo prender-lhe nas malhas de minha
paixão!...Apressadamente entreguei-lhe a chave de meu velho e inseparável baú. E na separação, aumentastes a coleção de minhas tristes e doloridas ilusões, depositando em meio a tantas outras, a mais cruel de todas as recordações...