A morte do Poeta
A nota no jornal da tarde
calcada no endereço do velório público
Envolta de um quadro pálido
Dizia em funestas letras:
“Morreu! E sairá o féretro ao fim do dia”
Não dizia como, ou porquê
Quem era o funesto algoz
Dizia apenas que por maestria
Vivera sua vida tão fugaz
Fazendo tudo o quanto mais queria
Morreu, e não deixou herança
Que pudesse ser disputa dos herdeiros
Quem sabe lá seus paradeiros?!!
Ninguém...
Nem mesmo uma única viúva havia
Também quem é que poderia
Querer alguém assim?...
Sem nada, sem qualquer valia?
Sem bens materiais?...
Nem mesmo p´ro velório tinha algo
Pobre rapaz...
Achara-se na mesa do quanto em que dormia
Apenas papel e lápis...
Uma pilha daqueles...
Escritos sem sentido para muitos
Funestos até para alguns...
Mas sempre em versos...
Com um lirismo até meio tolo
Que não podia ser apenas uma cópia
Dos escritos de alguém....
Poesias!...
Milhares delas...Pregadas em forma de livros
Em papel de pão ou papel liso
Em todo tipo de escrita...
Ao ler, para o leitor se parecida cada uma mais bonita!
- Algumas meio sem sentido, é claro! -
Mas com um toque sutil e raro
Falava de um grande amor
Vivido pelo próprio poeta?
Talvez....
Mas quem podia dizer ao certo?
Ninguém o conhecia!
Não era amigo ou predileto de ninguém.
Naquele quarto... sozinho ele vivia
Suas poesias ele escrevia...
Para a posteridade....