Uma página
Ele virou para um lado.
Depois, virou-se para o outro.
Suou muito.
Por duas ou três vezes pensou na morte.
Quis chorar, mas suou mais um pouco.
Decidiu-se, definitivamente, de que não era feliz.
Já havia sido.
Tudo muda.
Pegou uma caneta e escreveu algo:
"É irônico um suicida escrever um diário.
Sabe-se lá quando é que ele próprio vai arrancar a última página.
Sou triste e com tristeza decorei minha vida.
E hoje seria o dia ideal para morrer, porque são bem poucas pessoas que chorariam minha perda.
Grande dádiva: não fazer os outros chorarem.
Hoje eu sorri um pouco.
Mas não faz sentido ser feliz. Querem-me triste.
Vem, morte, que preparei uma jantar pra nós.
Só falta eu arrancar uma página de meu diário".
E um anjo no céu derrubou uma lágrima.
E disse algo, mas não escutei...