couve-flor
couve-flor
21 de agosto 1990
Lá embaixo a velhinha
plantou couve-flor
numa terra úmida demais.
Eles não gostaram
e amarelos tornaram-se.
Assim com eu agora,
Sem comida quente:
Branquinho, branquinho...
“só você não vê que eu estou morrendo lentamente...”
É, assim: devagarinho.
Pétala a pétala,
sem coroa e rente ao desmaio!
Sou um túmulo aberto
ás 6 horas da tarde,
lá no exato momento
em que morre o sol!
Sou um pedaço de pano que dá brilho
e que morre rasgado e podre
sem conhecer a menor porção de glória!
Sou o amarelonegro de poção mágica
de uma bruxamulher
que teima em me abrir os olhos,
- como se fechados estivessem.
É somente desalento e desesperança
mas quando chega um possível fim,
somente alegria.
Hoje é dia para ter esperança
esperança de que a florzinha lá embaixo
naquela pouca terra,
possa admitir-se a crueza e malvadeza
de uma florespinho,
e, então, crescer e azular-se e
rosar-se e lilazar-se...