Indagações Digitais
Deixo meus dedos deslisarem pelo teclado, como se já não houvesse mais por onde tocar com estas minhas agulhas selvagens... Sou ainda um reflexo de toda a minha infância, de todos os medos que cresceram dentro de mim e foram implantados como sementes negras em meu íntimo metafísico.
Meu ser se dissolve nas ondas eletromagnéticas e transformam-se em lágrimas e lamentos digitalizados, que como as árvores semi maturas dentro de meu ser, crescem e apoderam de uma tela branca e pura de pigmentos escuros. É como se algo que existisse dentro de mim me travasse... Me prendesse a essa minha própria prisão qual faço questão de continuar enclausurada. Essa timidez recuperou-se de mim numa velocidade descomunal e conseguiu apossar minha memória apagando-me o concreto do passado... Como saberei do incauto futuro, se do passado só tenho vultos e lapsos fugazes? Eu me perco dentro de mim, e fora de mim, e destruo tudo aquilo que toco ou anseio tocar, isso torna-se uma tortura incessante, é me ver destruída por mim mesma! É ver a solidão triunfar sobre meu infante carpir. O fogo da revolta em mim tem se extinguído lentamente, pois matam-o tão quanto matam minha sinceridade, eu vejo-me como uma pessoa perversa e a-curiosa. Meus olhos se perdem em treva e crueldade. Meu gênio se dissipa em névoa e tabaco... Meu ser se dissolve em lama e suor.
Meu nome é uma palavra fajuta que nunca será repetida novamente: R-A-F-A-E-L-A.
Reles Ausência Fatídica Absorta em Esperanças Latentes e Aleatórias. Traduzindo: Ilusão.
Eu não passo de um espírito vazio tentando se auto-afirmar. Esqueçam-se de mim e deixem-me cuspir em minha própria face. O quimerismo é o dom dos loucos e fajutos.