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                     FICTA SOMBRA       
            

                         Onde vais minha rosa. Onde vais?!
                              Ainda agora a luz te amamentou...

        

          Sombra de uma cidade perdida debaixo da mesa, de um povo sofrido, de batidas pulsantes à portas seladas ,esta palavra  carrega o peso sutil da pena que entalha o vidro  e derrete a página porque o fogo tudo consome. Olho o céu e voce me responde pois já sabe ,sempre, das coisas mesmo antes que te diga. Meus pés afundam as sandálias, carrego uma bagagem secreta de linhas e tralhas que se desprendem das minhas páginas reviradas, apócrifas, soltas, nunca camufladas, mas que singram em revoadas entre os lençóis dos meus desertos e flutuam a céus abertos e provocam tempestades!E voce ri dos quilometros dos meus olhos e entre os dentes dos dragões sabe como guardar-te   sem revelar  os teus itinerários de quem manipula com  sabedoria  a poeira que vira o trigo, a massa que se transmuta da boca do poeta, a loucura que do mundo putrefa. Há uma memória que eu não  posso te ler, mas, como uma ficta sombra te confessa em mim o teu pergaminho,  palimpsesto dos mesmos rosais, sou pó dos ossos desse  jardim.


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