Amor virtual
Uma voz chamando dentro dela.
Outro chamado.
A voz que me vem em flores, entre beijos de uma boca úmida.
Pelas paredes; no vazio do quarto; na cama fria.
Um cheiro de jasmim; de terra suada pela chuva fraca de verão. Ah! Essa sensação de suor penetrando na pele...
Lá fora o céu ainda claro.
_ A que horas ele virá? Pergunta seu coração.
O corpo viajando por entre secretos encontros de corpos. Já ouve os gemidos entre os beijos...
O vento passa por entre as frestas da janela. E sente um arrepio; sabe do que é: ele a leva aos ares. Se ela pudesse estar naquele instante com ele! Mas onde fica a felicidade quando se esconde dos amores clandestinos? “Diga-me, meu coração, como posso exigir mais do que a vida pode me dar?”
Não lhe responda com uma canção triste! Deixe o sol brilhar em sua alma um pouco mais. Abrace-a por dentro e aqueça-a enquanto ele não me vem...
“Seria uma mulher ou uma fêmea?”, questiona-se.
As duas estão no quarto sonhando com o amado. Uma é todo desejo; a outra, entrega.
O corpo sente de novo o cheiro de jasmim...
A voz que ouve interiormente a faz sentir-se amada... Não é difícil entender... Vê-se a pele pedindo um toque; os lábios entreabertos; os pensamentos formando imagens de um corpo moreno em serenos abraços.
Aquele friozinho que aparece de vez em quando... Os lábios dela mordiscando-se em vontades...
Diante do espelho, seu corpo se delineia numa forma lasciva; eriçados, os seios palpitam no sutiã em subidas e descidas de cor paixão; os movimentos das mãos iluminam as mechas dos cabelos.
Então, aparecem as orelhas no instante em que as toca, perfume nas mãos; um aroma seduz o pescoço deslizando um frescor na pele quente; um sorriso nos olhos antevê o sabor do prazer que o pescoço sente ao ser mordiscado.
E sobre os lábios, o batom rosado que escolhera de véspera.
Ergue os braços... Põe uma camiseta leve, sem calcinha.
Olha o relógio: 00h.
Senta na cadeira e liga o PC.
"Ele virá hoje!". Está certa disso.