Meu Anjo

Andei preplexa com o que vi, até que deparei-me com uma parede enorme e branca, não pude mais prosseguir.

Minha caminhada interrompida pelo vasto muro...Sem janelas ou portas aparentes.

Ainda sobressaltada e fixada nela, como em transe hipnótico, permaneci alguns minutos.

...Passaram-se dias, meses, anos.

Envelheci.

Os anos seguiram um fluxo e eu ali parada.

Mas como tudo muda, como tudo tem saída, apareceu um homem.

Talvez um homem mágico, um anjo sem asas, um gnomo da sorte, um amor!

Mostrou-me a porta, invisível para o tamanho da minha dor.

Mostrou-me as verdades, as reflexões desta etapa da jornada.

Embalou-me com doces canções, ao som suave do sax eu vi a saida.

Transpus o muro.

Percorro o caminho adornado pelos jasmins.

No ar o cheiro do incenso...

Na boca o gosto do beijo.

Andei pensando na vida.

Curei as feridas.

Encontrei minhas portas.

Agora quando outra se fecha, procuro por ele, fico em seu colo calada, embevecida com o som da flauta, do piano, sons de melodias inacabadas, como rendas sendo tecidas por mãos mágicas.

Ontem precisei de colo, ele estava ali pronto para me acudir.

Depois como por encanto despediu-se e sumiu no clarão da mata, um rastro de luz atrás de si e meu coração cheio de esperanças, aguardando de novo, ele surgir!