Princípio 1

Árvores fúlgidas no horizonte. Um outro dia. Aguardo que os instantes fendam o real. Ou um nome vertido sob a luz. Poisando as sílabas nos lábios. Talvez. Esse destino pálido em quem não acredita no destino. Escolho uma lâmpada que ilumine o mar. Fim da linha. Tivesse um bilhete para o infinito, ir pela noite entre sombras de vidro, entrara num labirinto com as pálpebras acesas. O autocarro não vai além da esquina, regressa ao princípio, onde pode-se ver e sentir a profusão de imagens. Talvez o mundo não exista se dobrarmos o muro verde da impaciência. Diria, a viagem era outra, informo-me no balcão do medo. Quando sair, pense no que me disse naquela manhã repetida ao vento, os teus ombros tocam os meus, indeléveis como as aves ígneas adornando o ar, haverá sempre aves à entrada do infinito. Se inicio o diálogo, se a solidão desliza pelas veias e mesmo se os anúncios prometem alegria em pastilhas, amanhã voltarei à varanda deslumbrada do real. Em princípio.