UM PRATO FRIO...

De súbito...você estava lá.

Eu jamais lhe disse, mas sempre soube ler o seu olhar.

E aquilo me era tão sofrido...

No nosso longo e fictício tempo

"side by side" ...

eu sempre soube

Que você cobiçava qualquer universo

Além de mim.

Na verdade, eu nunca lhe estive lá...

E nem você.

Éramos um engano do tempo do aquém,

E uma vontade uníssona dos além mares...

Éramos estranhas pedras perdidas nos caminhos.

Tropeçávamos em nós mesmos.

Machucávamos.

E sobrerguidos...continuávamos...feridos

Em pedacinhos teimosos, acostumados ao nada!

Sobrenadávamos nas mesmas águas turvas de sempre.

De súbito, ontem...num flashe de tempo

Você estava lá.

E eu lhe vi do mesmo jeito de antes...

A lançar seu olhar ao horizonte

da sua eterna procura.

Quando um seu descuidado soslaio

de longe tentava -inutilmente- fugir de mim.

E como num milagre

(pois tal me parecia impossível!)

Eu me senti sendo aquele universo

que tanto você procurou

mas que nunca o alcançou.

Eu...

Um seu velho mundo intangível para o seu sempre

E às suas mãos que sequer me desbravaram.

Um universo pequeno e sem emoção.