Papoula histérica
Papoula histérica
19 jan 94
A mãe dos homens maus
é a flor enegrecida que pulula nos bosques,
charcos e montes dos países das flores.
A eterna dificuldade vem do fato de ninguém
- nunca! – querer acreditar.
A solitária mulher do quarto deserto do mundo,
transpassa alfinetes em seus dedos,
para agüentar uma outra dor maior.
E as roupas vermelhas que uso,
chamam a atenção
dos compenetrados cidadãos
de roupas amarelas.
Mas as roupas vermelhas
que eu visto, as visto só.
Ninguém as vê.
Ou, quem as vê,
apenas pode imagina-las.
Assim é que é.
Papoula histérica é a mulher
que foi ao baile do século
vestida de rainha.
Mas era uma borboleta falsa,
ou lagarta verdadeira
- como queiram.
E não gritou o suficiente
para ser bem interpretada.
Não explicou-se o suficiente
para ser poupada.
- Que não se poupe a Papoula!
Dizem os resto das
(pretensamente) belas borboletas
contidamente histéricas.
- Vai, sai para longe,
Papoula histeriquíssima!
Esse noturno baile de fim de século
é para o clímax da humana
esperança de compreensão
dos males musicais do mundo.
Vai!
... longe, longe, Papoula histórica pensa
no noturno baile de mariposas.
Mariposas e falsas luzes...