Da dança

E o que faz com seu corpo essa dançarina a não ser mostrar aquilo que já dança em sua alma?

Pois é o eterno nascer do movimento e assim a vitória para sempre contra tudo que é pausado.

E grita com a seqüência dos atos que a dança parada dos dias pode ser sempre a mesma, mas jamais se deve permitir que isso contamine o ritmo das emoções.

É o que essa dançarina não permite quando conversa a conversa dos gestos, quando sorri com os braços, quando chora pelos pés.

Arrasta-se, derruba-se e enche todos os olhos da beleza que é uma paisagem que se move.

E não é a insônia agitada de todos os olhos o verdadeiro palco em que a dança realmente acontece?

Sim, dançarina, todo olhar é teu palco.

E estivesse sozinha, fosse só, fosse ninguém a ver, ainda assim, dançarina, é o mundo em si também tua platéia.

Porque tudo é ritmo.

Seja a música dos próprios sapatos a baterem no chão,

Seja o barulhinho que inventa e que única sabe e única acompanha,

Seja o passeio curto do coração dentro do peito.

Tudo dança.

No corpo que é o templo da arte do movimento.