Fotografia cedida por LU GENOVEZ
Por do sol no Guaíba, Porto Alegre
Janela oblíqua
Pendem à janela galhos secos
que a natureza não quis ver morrer.
Folhas tímidas despontam entre o musgo.
Neles, pássaros vêm pousar.
Seu canto sobe a Deus,
como a pedir que a natureza se renove,
não apenas na paineira, também nos corações.
Perto, há frutos do abacateiro,
o último sobrevivente do verde vivo que havia
antes da profusão dos fios elétricos.
Pequeninos são seus frutos,
grandes são as lembranças dos quintais.
Representantes da eternidade, adiante,
os pinheiros guardam o sono eterno
do qual tememos a ilusão de não despertar.
Mais acima, depois da marcha dos anos,
a torre da TV substitui o farol,
guiando as encenações da vida.
Luzes oblíquas, que bem poderiam ser de embarcações,
num mar de cimento e almas carentes,
disfarçam a solidão em vídeos companhias
e fria intimidade.
Acima, muito acima, piscam estrelas,
Saturno vela o tempo,
Vênus irradia tarde e manhã.
Quem sabe, anjos esquecidos de nós,
sedentos de orações, abriguem inocência.
A mesma inocência que há nos olhos dos gatos, dos cães
e dos filhos dos homens a brincar de "sem teto".
Cecília não mira mais,
porém ainda há mar depois do continente...
Pela janela passa barquinho, sopram nuvens,
viaja fantasma, tudo ao sabor do vento.
Meriam Lazaro
Grata, Helena. Permita-me transcrever seu comentário:
E Cecília já nos dizia:
"Foi desde sempre o mar.
E multidões passadas me empuravam
como o barco esquecido."
Abrçs. HLuna
Marília, sua lembrança de Veríssimo é comovente:
Esta sua poesia me traz a lembrança Érico Veríssimo:
Terra Bela, onde está tua esperança?
Crianças! Sementes do homem e confiança da terra.
Dos seus entes, o horizonte de bonança.
Terra bela; terra feia. Terra boa; terra horrenda.
Que herança deixaremos para as próximas gerações?
“O oposto do amor não é o ódio”.
“É a indiferença” (Érico Veríssimo)...
Beijos Marília