Estampidos...

Estampidos, estilhaços, retalhos, partículas.

Pedaços de mim. Pego alguns no fulgor da hora, sem estilo, estiro-os aqui.

1. ...foi que eu queria saber onde estava a minha própria danação.

2. Escrever não é o bastante, mas escrevendo me basto.

3. Quanto tempo suportarei o tempo de vida?

4. Às vezes a noite é longa e é logo ali.

5. Eu não sou status, sou dinamus.

6. Quando o outro não quer, um briga sozinho.

7. Às vezes me distraio, me divirto feito gato querendo pegar a própria sombra, a própria imagem num espelhado.

8. A cada dia, tal barro, sou subtraída até meu substrato.

9. Memória é coisa viva. Coisa passada, morta.

10. Eu gosto de ser na minha primeira pessoa, sujeito simples.

11. ...mergulho ao fundo, busco o centro, me lanço inteira isca e anzol e tal qual peixe de boca aberta sentada à margem balanço os pés turvando as águas.

12. Existem sonhos que já não poderão ser realidade. É preciso dormir para que se sonhe de novo.

13. A vida é esse molhado de luz nos olhos, esse paiol de pólvora. Como lidar com tudo isso?

14. Me sei na pele. Há pelos, apuros.

15. Na minha anca mando eu.

16. Escrevo e me dou a chance, me lanço a própria sorte. Eu recorrente de mim.

17. Eu me dano, tão livremente, me dano, como uma "Stultifera Navis" se chocando, à fúria das águas, contra os arrecifes. E não há nem um maná dos céus.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 12/02/2009
Reeditado em 13/02/2009
Código do texto: T1435596