O POEMA SE ESCONDEU NOS TEUS OLHOS
I
Este poema que se esconde
Pode ser teus antepassados
Debruçados em citações e provérbios
E entre cada verso uma idéia completa
No papel o sangue e suor tingem as linhas
São depois de escritos jogadas ao vento e ganha os céus
E as nuvens onde o horizonte paralelo do infinito
Transpõe ao teu espelho tudo que a alma te cerca
Pode ser a tua memória que ao esquecimento leva
Imagens de passados que os passos que dá
nas palavras que envolve com encanto
mantém fiel ao pensamento sem perder a lógica
até quando limitando os desejos em simular a realidade
Este poema que se esconde
Pode ser teus olhos sensíveis a forte luz da Aurora
Que acredita em determinadas referências
Nas possibilidades não realizadas
Nas possibilidades realizadas em outras formas
E nos desejos a serem por assim realizados
Pode ser o teu Amar e o teu temor
O lugar onde somos mais eu
E onde somos mais eu o lugar onde nos sentimos melhor
Ao contornar as fronteiras que limitou a contornar
Indo para lá de teu eu e mais perto de si mesma
Indo mais perto de si mesmo e mais longe de tudo
Indo mais longe de tudo mais unidos aos de perto
II
Este poema que se esconde
Pode ser o teu encarar o mistério
Como chave para todos os desejos
A suavidade e a delicadeza
Que te persiste nesta existência
Onde o equilíbrio por entre cordas de palavras
Espera boa notícia no condução da vida
Age como se tudo fosse repetir no futuro indefinidamente como Agora
com zelo pelos atuais próprios atos para que isto aconteça
Revertendo os quadros de perspectiva do presente e do passado
O poema que se esconde
será o amigo diante de surpresas desagradáveis
Atraindo e afastando na ciranda do escolhe e da não aceitação
quaisquer razões atuais de vínculos sólidos e permanentes
Quaisquer recompensa que buscada na essência do ser
E processada pela química da intuição faz amar-te na vida
Pode ser Tua comunicação com o presente
Discorrendo suavemente o imaginário
E o crescimento interno expiado na humildade
Conduzida pelo caminho reto e transcendente
A contingência que te faz rugir o tempo
Quebrando regras na simplicidade do desafio
Que encontra na ternura da genealogia do Amor:
O ato devotado ao que é ao próximo e é sagrado
III
Este poema que se esconde
Será tua mensagem processada juntamente com a memória
doada de teus antepassados para reunir amigos em leitura
Após previas iniciações ritualísticas emocionais
Este poema revela o encoberto retirando o véus que senda os olhos
(segredos, sussurros, juramento, mistério, sincronia
Sintonia, lealdade, respeito intimo e permanente)
E que não expressa em ti em imagens, símbolos e palavras
E que não expressa em ti só em teus olhos e outros olhares
Pode quando fita teu olhar ser teu beijo de amor
Que as línguas acompanha em teus poemas encobertos
Gesto íntimo onde supõe proximidade e afeto
E entrega pessoal na demonstração do querer
Teus olhos em outros olhos
Fala em outros ouvidos
O corpo que envolve em tuas mãos
Onde a sensação do prazer, cansaço e necessidade
Amplia o desejo que cria o aroma na produção da escrita
Seduzindo lentamente os leitores escolhidos
Após as iniciações emocionais
IV
Este poema que se esconde
Pode ser teu grito de dor, de angustia de sofrer e de alegria
A exploração quotidiana de existência ao dar forma ao desconhecido
E o desconhecido não possui controle por não haver forma
Mas que delicadamente transforma em idéias ordenadas
Pode ser a aventura onde ninguém tem ainda coragem em prosseguir:
A dor em enfrentar os próprios fantasmas internos
A dor em encontrai-nos nas raízes que nos fazem realmente humanos
Transmitindo com ternura o que busca no auto-conhecimento isolado
Este poema que se esconde
Pode ser o silêncio que a memória ao esquecimento leva
Ser o teu silêncio por estas palavras que carregam impureza
E ao incomodar-te fecha-me meus olhos para acreditar em tal certeza:
"este poema que pode ser poema pode não ser poema Real,
Poema que não pode ser poema pode ser este poema Real"
E permaneço no mundo que constrói e re-constrói em cada momento
Passamos do piscar de olhar no poema que se esconde em teus olhos
Onde ficamos permanente na memória que se revela em teus olhares!