Pranto à um Sentimento Inefável
Choro lágrimas de um cantador.
Não soube cantar sobre a própria vida,
Mas sonhador, sobre outras vidas aventurou-se.
Choro e meu lamento perde-se no silêncio.
Outrora quando sonhar era menos lancinante,
E a realidade feria menos com seus punhos e punhais.
Choro e lastimo pela abjeta vida de quedas.
Pela desgraça cultivada pela mente torpe,
Que hoje cobra sua recompensa em cada lágrima,
Em cada sussurro expelido por meu débil corpo.
Que sangra. Sem apoio, sucumbe. Permanece.
Choro e esse ato não venera a fraqueza.
Tampouco procura enternecer seus sentimentos.
Se dos teus olhos hoje tenho apenas reminiscências,
E do seu cândido perdido amor não me resta esperanças.
Choro ao longe. Sozinho.
Abraço a mágoa, faço dela companheira.
Junto-me aos destroços dos que nunca serão...
Choro como criança, homem, animal que perdeu-se.
Apenas a Razão em mim ainda é ardente.
Choro como um cantador que perdeu o desejo de sonhar.